sábado, 17 de junho de 2017

Contos ao Serão/ Fábulas

(Fábula)
O Compadre Mocho e a Comadre Raposa


    — Ó compadre mocho, ainda está aí, compadre?
    - Perguntou a Raposa.
    — Ainda, comadre.
    — Então, o que é que anda fazendo?
    — Ora, ando passeando…
    — Anda passeando? Olhe, venha até aqui, compadre…
    — Ah, não, que a comadre come-me…
    — Ah, não como, não senhor… então você não sabe da lei?
    — Não…
    — Pois agora há uma lei dos bichinhos brincarem todos uns com os outros, e não fazerem mal uns aos outros.
Bom, o mocho estava lá em cima, veio para baixo, pousou:
    — Então vamos lá brincar comadre.
   Ora, assim que ela o apanhou cá em baixo, jogou-lhe a boca… tinha-o na boca já para engolir.
O Mocho aflito pede-lhe que diga:
    — Mocho comi…
Ele dizia lá de dentro:
    — Diga mais alto comadre, que eles assim não ouvem…
    — Mocho comi…
    — Assim não se ouve comadre.
Abra a boca e diga “ Mocho comi ”, que assim já ouvem.
Ora, ela abriu a boca para gritar Mocho comi, e ele escapou-se da boca dela, foi para cima da árvore, e respondeu-lhe:
    - A outro, mas não a mim.
    — Olhe lá comadre, disse que não me comia…
    — Ah, compadre, então isso fazia eu…isso fiz eu para o enganar… alguma vez eu ia comê-lo?
Eu não comia. Então agora há essa lei…
Bom, diz ele assim:
    — Ai comadre, vêm três caçadores d’além daquele lado com três cães…
    — Então e d’aonde compadre?
    — D’além; vêm d’além… Diz ele assim:
    — Bom, mas a comadre não tem medo, então a comadre não tem a lei? Mostre-lhe a lei que eles não lhe fazem mal…
Ela tinha cá alguma lei!
Aquilo era tudo mentira que ela estava a arranjar. Foi, abalou, ora… os cães assim que a viram jogaram-se a ela…
- Ela tinha um buraco na horta que era onde ela ia sempre para entrar lá para dentro, já tinha aquele buraco lá… escapou-se pelo buraco da horta, ah menino… abalou, veio, escapou-se ainda dos cães… e o compadre mocho escapou-se também da boca dela. E ela dizia que estava brincando… Estava brincando, estava… se ela não abrisse a boca para dizer “Mocho comi”… eu não sei se ela me tinha comido, engolido inteiro. As zorras são muito manhosas…


(Fábula)
A RAPOSA E O LOBO

A raposa e o lobo mataram dois carneiros e fugiram com eles para o cimo do monte.
Depois que se acharam seguros, deitaram-se a comer, mas só conseguiram comer um, o outro ficou inteiro. Diz a raposa para o lobo:
— Compadre, é melhor enterrarmos este carneiro, e virmos cá amanhã come-lo juntos.
Vai o lobo e diz-lhe:
— Mas nem eu nem tu temos faro, como é que o havemos de tornar a achar?
— Deixa-se-lhe o rabo de fora.
Assim se fez. No dia seguinte apresenta-se o lobo e diz para a raposa:
— Comadre, vamos comer o carneiro?
— Hoje não posso, tenho de ir ser madrinha de um cachorrinho.
O lobo acreditou nela e foi-se embora, mas a raposa mal ele virou as costas, foi ao lugar onde estava enterrado o carneiro e comeu um grande pedaço. No outro dia torna o lobo a perguntar-lhe:
— Que nome puseste ao teu afilhado?
— Comecei-te.
Responde o lobo:
— Que nome tem o teu afilhado?
 vamos comer ambos o carneiro comadre?
— Ai compadre (diz-lhe a raposa), hoje também não pode ser; estou convidada para ir ser madrinha.
O lobo fiou-se nela; mas a raposa tornou a ir comer sozinha. Ao outro dia vem o lobo:
— Que nome deste ao teu afilhado?
— Meei-te.
— Que nome! (replica o lobo) Vamos comer o carneiro?
A raposa tornou a escusar-se com outro batizado, e quando ele voltou as costas, ela foi acabar de comer o carneiro. O lobo vem:
— Como se chama o teu afilhado?
— Acabei-te.
— Vamos comer o carneiro comadre?
— Vamos compadre!
Foram e chegaram ao sítio; assim que viram o rabo, disse a raposa:
— Puxa, com força, compadre.

O lobo agarrou com a boca o rabo do carneiro e puxou com muita força, a pensar que o carneiro estava inteiro, mas caiu de pernas para o ar, porque em vez do carneiro inteiro, só havia o rabo; a esperta da raposa que já tinha comido sozinha, o carneiro todo, safou-se a rir da inocência do lobo.

(Fábula)

A RAPOSA NO GALINHEIRO

De uma vez uma raposa apanhou um buraquinho aberto n’um galinheiro, entrou para dentro fazendo-se muito esguia, e depois que se viu lá, comeu galinhas as galinhas quase todas.
Quando foi para sair estava com a barriga tão cheia, que por mais força que fizesse não conseguia passar pelo buraco. Viu-se perdida, porque já vinha amanhecendo. Por fim teve uma lembrança. Fingiu-se morta.
De manhã veio o lavrador e viu-a:
— Cá está ela. E que estrago que ela me fez!
Vai para lhe dar pancadas e mata-la, mas vê-a hirta, com a língua atravessada nos dentes e os olhos envidraçados:
— Poupaste-me o trabalho; morreste arrebentada. Foi bom.
E pega-lhe pelas pernas e atira-a para o meio da horta para a enterrar. A raposa assim que se viu fora do galinheiro, pernas para que te quero! deitou a fugir pelos campos fora e fez do rabo bandeira. O lavrador deu a cardada ao dianho, e jurou que nunca mais se fiaria em raposas.


(Fábula)
A AGUIA E A CORUJA


A coruja encontrou a aguia, e disse-lhe:
Oh aguia, se vires uns passarinhos muito lindos em um ninho, com uns biquinhos muito bem feitos, olha lá não mos comas, que são os meus filhos.
A aguia prometeu que os não comia; foi voando e encontrou n’uma arvore um ninho de coruja, e comeu as corujinhas. Quando a coruja chegou e viu que lhe tinham comido os filhos, foi ter com a aguia, muito aflita:
— Oh aguia, tu foste-me falsa, porque prometeste que não me comias os meus filhinhos, e mataste-mos todos!
Diz a aguia:
— Eu encontrei umas corujas pequenas n’um ninho, todas depenadas, sem bico, e com os olhos tapados, e comi-as; e como tu me disseste que os teus filhos eram muito lindos e tinham os biquinhos bem feitos entendi que não eram esses.
— Pois eram esses mesmos, disse a coruja.
— Pois então queixa-te de ti, que me enganaste com a tua cegueira de mãe coruja.


(Fábula)
A Raposa e a Cegonha


Um dia a raposa teve a brilhante ideia de convidar a comadre cegonha para um jantar em sua casa.
A raposa, mesquinha como é, fez umas papas de milho, que servir em dois pratos rasos.

A comadre cegonha, estendeu o bico:
Debicou, debicou, mas não consegui comer nada.
A raposa, toda atrevida, lambeu as papas todas, e no final até lambeu os beiços, toda contente.
A cegonha não deu parte de fraca, educada como era, não comentou nada.
Passados uns dias, a comadre cegonha resolveu convidar a comadre raposa para um jantar em sua casa, para lhe devolver o convite, e para se vingar da raposa.

— Disse-lhe a comadre cegonha, amiga raposa, hoje o jantar vai ser em minha casa!
— Está certo, comadre cegonha, à hora de jantar lá estarei com muito gosto, disse a comadre raposa, porque eu não sou de cerimónias!
À hora marcada, lá estava a esperta da raposa, toda lampeira, cheia de fome, pois as raposas andam sempre esfomeadas, para comer aquele que ela pensava que ia ser um belo jantar.
A comadre cegonha abriu simpaticamente a porta e disse:
— Entre, entre, comadre raposa, vamos comer o nosso jantarinho, que já está pronto!
— Vamos a isso, comadre cegonha, disse a raposa toda lampeira, que apetite não me falta, e toda ela se lambia, com o cheirinho do jantar, que era vitela guisada!
— O jantar estava servido, mas para seu espanto, estava dentro de um frasco, com um grande gargalo.
A cegonha, com o seu grande bico, conseguia comer tudo muito bem, mas a raposa com o seu focinho, bem tentou lamber qualquer coisa, mas não conseguiu, voltando para casa, ainda mais esfomeada.
E era vê-la, cabisbaixa, de rabo entre as pernas e de orelhas caídas, nem parecia a mesma raposa que toda a gente conhecia pela sua esperteza.
Não vale a pena armarem-se em espertos, porque cedo ou tarde, todos somos enganados!
Moral da história, porque todas teem uma moral!
Nunca faças aos outros, o que não queres que te façam a ti!

(Fábula)
O Lobo e a Raposa


Uma raposa esfomeada viu, na água parada no fundo de um poço, a imagem da lua. Pensando que era um queijo, deu pulos de contente.

O poço tinha dois baldes; enquanto um descia, o outro subia.

Então meteu-se no balde que estava em cima e desceu até ao fundo, mas ao chegar lá, verificou que tinha sido enganada.
Não havia queijo nenhum. E não sabia então como sair do poço.

Nisto, apareceu ali um lobo, para beber água. Ao vê-lo, a raposa disse-lhe num tom amável:

— Desça até cá abaixo compadre lobo, vou oferecer-lhe este belíssimo queijo, com muito prazer.

O pobre do lobo caiu na armadilha que a raposa lhe armou, e metendo-se no outro balde, começou a descer.
E enquanto ele descia, o balde em que estava a raposa subia, trazendo-a para cima.
Ela quando se apanhou cá em cima, deu um salto, para fora do balde, e desatou a fugir que só parou dentro da sua toca, no cimo do monte.

E o lobo ficou dentro do poço, sem queijo nem nada, visto que o que havia lá dentro era o reflexo da lua brilhante.

Moral da história:
Quando a esmola é muita, até o santo desconfia.



(Fábula)

A Raposa e as Uvas


Uma raposa esfomeada passou por baixo de uma latada, e viu uns cachos de uvas muito apetitosos.
— Estas uvas parecem muito suculentas – pensou ela. – Tenho que as comer!
Tentou apanhá-las saltando o mais alto que pode, mas em vão, porque as uvas estavam tão altas, que ficavam fora do seu alcance. Então desistiu e afastou-se.
— Pensei que estavam maduras, mas vejo agora, que ainda estão muito verdes, não prestam!
Ao afastar-se o vento fez cair uma parra, ela voltou-se muito depressa a pensar que era um cacho de uvas.

Moral da história:
Não te enganes a ti mesmo se as coisas não correrem como desejas.


(Fábula)
O Lobo e o Cordeiro

Uma vez um cordeiro, que estava com muita sede, foi beber água a um ribeiro.

Porém, sucedeu que nesse mesmo ribeiro estava um lobo a beber. e, mal viu o cordeiro, resolveu arranjar motivo para o matar e comer.
— Como te atreves a vir turvar a minha água?
— Perguntou o lobo ao cordeiro.
— Como é possível eu turvar a água, se estás da parte de cima e a água corre na minha direção?
— Perguntou o cordeiro ao lobo.
— Com que então atreves-te a responder-me!...
— Não bastava teres-me ofendido o ano passado?
— Como é possível, ter-te ofendido o ano passado, se nasci há um mês?
— Se não feste tu, foi o teu pai ou o teu avô!
— Retorquiu o lobo, atirando-se ao pobre cordeirinho...

Moral da história:

“A razão do mais forte predomina”

sexta-feira, 16 de junho de 2017

Os Meus Poemas

Saudades da Minha Aldeia


Em cada dia que passa,
lembro a pequena aldeia,
das terras de Aguiar,
para lá de Trás-os-Montes.
Para sempre vou lembrar,
quando na rua jogava,
à macaca, às escondidas,
a saltar à corda e a brincar,
com as minhas queridas amigas.
Da linda festa de verão,
num domingo de setembro,
com as procissões a passar,
das velas, do gado e dos anjinhos,
Com a banda a tocar,
na missa e no arraial,
para sempre vou lembrar,
nas terras de Aguiar,
a minha  terra natal...

São Roxo Orvalho

Os Meus Poemas

Ano Novo


Ano novo vida nova
vai pensando toda a gente.
Ou ano novo, vida velha?
com esta maldita crise
com a qual vamos vivendo,
e esta austeridade,
que está cada vez mais austera
que tudo nos está roubando,
o passado e o futuro
nosso, dos filhos e netos
e muito estamos sofrendo...

São Roxo Orvalho

Os Meus Poemas

O Povo Português

O povo português,
vive em grande apatia,
ou se fecha em sua casa,
ou dorme de noite e de dia.
Acorda povo, acorda!
- Vamos todos para a rua,
fazer a revolução,
continuar a nossa luta,
contra a governação,
dos partidos da direita,
que nos roubam noite e dia,
o salário ou a reforma,
a que nós temos direito.

São Roxo Orvalho

Os Meus Poemas

Mãe

 A linda palavra Mãe,
Maria Mãe de Jesus,
também era esse o nome
daquela que me deu à luz,
pois a minha querida mãe
era Maria de jesus.
Minha e de meus irmãos
todos juntos somos oito,
dois homens e seis mulheres,
e somos todas Marias,
no nosso primeiro nome,
mas só a nossa querida mãe
dava pelo nome Maria.
A primeira é a Helena,
e depois é a Odete,
seguida do Manuel,
e depois vem o José,
seguido da Conceição,
e depois é a Elvira,
seguida da Adelaide
por último a Nazaré.
Mais maridos e mulheres,
filhos, netos e bisnetos,
fazemos da nossa família,
a força desta união.
Em cada dia que passa,
mesmo longe uns dos outros,
estamos sempre muito juntos,
nas férias do Natal e da Páscoa
e sempre que conseguimos,
continuamos unidos.
Com muito amor e carinho,
ontem, hoje e para sempre,
bem alto vamos dizer,
que Maria de Jesus
era a nossa querida mãe.

São Roxo Orvalho



Os Meus Poemas

Sol e Lua

Sol e Lua
luz e claridade
minha e tua
a nossa amizade.

O irmão e a irmã
sempre muito chegados
hoje e amanhã
juntos ou separados.

São Roxo Orvalho

Os Meus Poemas

A Criança

O rosto de uma criança
com seu sorriso rasgado
dá-nos de novo a esperança
de um futuro e um passado.

Ela tem o nosso sangue
na sua constituição
e até o nosso nome
é uma renovação
que passa de pais para filhos
isso é muito importante
cuidar das nossas crianças
toda a hora e todo o instante.

Há que fazer a mudança,
pelo seu superior interesse,
no cuidado da criança,
pois ela tudo merece.

São Roxo Orvalho




Os Meus Poemas

Falinhas Mansas


(Ela ou ele)

Ela falava, falava,
e nada dizia,
quanto mais ela falava
menos eu  percebia,
e então eu pensava,
que grande hipocrisia!
Porque ela falava, falava,
e nada dizia,
porque quando ela falava
não dizia o que pensava,
só o que lhe convinha,
ou o que o outro queria ouvir,
por isso,
quando ela falava,
eu só pensava,
que hipocrisia!
Porque ela falava, falava,
e nada dizia
porque era falso
tudo o que dizia,
pois ela não pensava,
só falava, falava,
e nada dizia...

São Roxo Orvalho

Hino de Cidadelha de Aguiar

Hino de Cidadelha de Aguiar


Ó Cidadelha
és a melhor do mundo,
moinhos no cima,
capela no fundo.

Tens um terreiro
           abençoado,       } bis
tens um padroeiro,
de lamas ao lado!

Ó Cidadelha,
             ó terra Santa,     } bis
quando o povo dorme,
Regedoura canta!



Alcunha do Autor: Sr. Carvalhais

Os Meus Poemas

Feliz Ano Novo

O ano de 2013
já está a acabar,
mas  para os portugueses,
foi um ano de azar.

Este ano está no fim,
e não vai deixar saudade,
pois eu penso cá para mim,
estou farta de austeridade!

Ele vai ficar para a história,
do nosso querido país,
cada dia é uma vitória,
porque o governo assim quis.

Mas não vou desanimar,
ao findar este ano,
a todos vou desejar,
um excelente ano ...

São Roxo Orvalho

Os Meus Poemas

A Força


Eu sou uma pessoa forte,
nunca ela me faltou,
até me livrou da morte,
num tempo que já passou.

No tempo em que estamos,
que a força não me falte,
pelo futuro é que lutamos,
mas também pelo presente.

Tudo isto está negro,
cada dia está pior,
porque pessoas sem alma,
já chegaram ao poder.

Na vida dos portugueses,
falta a fé e a esperança,
não somos os seus fregueses,
e há falta de liderança...



São Roxo Orvalho


Os Meus Poemas,

A Ambição


A ambição desmedida,
no mundo em que vivemos,
não deve ser premiada,
para não nos arrependermos.

Há pessoas ambiciosas,
que vendem a alma ao diabo,
vendem pais e vendem mães,
tudo por mais um trocado.

Por dinheiro vale tudo,
é o que essas pessoas pensam,
parece que são donas do mundo,
a ética não as compensam.

São frias, sem coração,
passam por cima de todos,
como se fossem um rojão,
esmagando os pobres, coitados!

O que é delas está guardado,
 quando já não forem úteis,
vão para a rua, coitadas,
pois são umas pessoas fúteis...

Os Meus Poemas

A Água 

Corre a água no rio
límpida, e abundante,
passa por baixo da ponte,
muito vagarosamente.

Corre a água pela serra,
do cume até ao vale,
corre, corre pela terra,
vem lá de cima do monte.

Corre a água da nascente,
no rio até à foz,
também corre desde a fonte,
e mata a sede a todos nós.

Corre a água dos meus olhos,
com o seu sabor a sal,
corre por mim ou por ti,
corre, corre, não faz mal.

Corre a água no mar,
salgada, com grandes ondas,
corre nas nuvens do ar,
cai cá para baixo nas chuvas.