(Fábula)
O Compadre Mocho e a Comadre Raposa
O Compadre Mocho e a Comadre Raposa
— Ó compadre mocho,
ainda está aí, compadre?
- Perguntou a Raposa.
— Ainda, comadre.
— Então, o que é que
anda fazendo?
— Ora, ando passeando…
— Anda passeando? Olhe,
venha até aqui, compadre…
— Ah, não, que a comadre
come-me…
— Ah, não como, não
senhor… então você não sabe da lei?
— Não…
— Pois agora há uma lei
dos bichinhos brincarem todos uns com os outros, e não fazerem mal uns aos
outros.
Bom, o mocho estava lá em cima, veio para baixo, pousou:
— Então vamos lá brincar
comadre.
Ora, assim que ela o
apanhou cá em baixo, jogou-lhe a boca… tinha-o na boca já para engolir.
O Mocho aflito pede-lhe que diga:
— Mocho comi…
Ele dizia lá de dentro:
— Diga mais alto
comadre, que eles assim não ouvem…
— Mocho comi…
— Assim não se ouve
comadre.
Abra a boca e diga “ Mocho comi ”, que assim já ouvem.
Ora, ela abriu a boca para gritar Mocho comi, e ele escapou-se da
boca dela, foi para cima da árvore, e respondeu-lhe:
- A outro, mas não a mim.
— Olhe lá comadre, disse
que não me comia…
— Ah, compadre, então
isso fazia eu…isso fiz eu para o enganar… alguma vez eu ia comê-lo?
Eu não comia. Então agora há essa lei…
Bom, diz ele assim:
— Ai comadre, vêm três
caçadores d’além daquele lado com três cães…
— Então e d’aonde
compadre?
— D’além; vêm d’além… Diz
ele assim:
— Bom, mas a comadre não
tem medo, então a comadre não tem a lei? Mostre-lhe a lei que eles não lhe
fazem mal…
Ela tinha cá alguma lei!
Aquilo era tudo mentira que ela estava a arranjar. Foi, abalou,
ora… os cães assim que a viram jogaram-se a ela…
- Ela tinha um buraco na horta que era onde ela ia sempre para
entrar lá para dentro, já tinha aquele buraco lá… escapou-se pelo buraco da
horta, ah menino… abalou, veio, escapou-se ainda dos cães… e o compadre mocho
escapou-se também da boca dela. E ela dizia que estava brincando… Estava
brincando, estava… se ela não abrisse a boca para dizer “Mocho comi”… eu não
sei se ela me tinha comido, engolido inteiro. As zorras são muito manhosas…
(Fábula)
A RAPOSA E O LOBO
A raposa e o lobo mataram
dois carneiros e fugiram com eles para o cimo do monte.
Depois que se acharam
seguros, deitaram-se a comer, mas só conseguiram comer um, o outro ficou
inteiro. Diz a raposa para o lobo:
— Compadre, é melhor
enterrarmos este carneiro, e virmos cá amanhã come-lo juntos.
Vai o lobo e diz-lhe:
— Mas nem eu nem tu temos
faro, como é que o havemos de tornar a achar?
— Deixa-se-lhe o rabo de
fora.
Assim se fez. No dia seguinte
apresenta-se o lobo e diz para a raposa:
— Comadre, vamos comer o
carneiro?
— Hoje não posso, tenho de ir
ser madrinha de um cachorrinho.
O lobo acreditou nela e
foi-se embora, mas a raposa mal ele virou as costas, foi ao lugar onde estava
enterrado o carneiro e comeu um grande pedaço. No outro dia torna o lobo a
perguntar-lhe:
— Que nome puseste ao teu
afilhado?
— Comecei-te.
Responde o lobo:
— Que nome tem o teu
afilhado?
vamos comer ambos o carneiro comadre?
— Ai compadre (diz-lhe a
raposa), hoje também não pode ser; estou convidada para ir ser madrinha.
O lobo fiou-se nela; mas a
raposa tornou a ir comer sozinha. Ao outro dia vem o lobo:
— Que nome deste ao teu
afilhado?
— Meei-te.
— Que nome! (replica o lobo)
Vamos comer o carneiro?
A raposa tornou a escusar-se
com outro batizado, e quando ele voltou as costas, ela foi acabar de comer o
carneiro. O lobo vem:
— Como se chama o teu
afilhado?
— Acabei-te.
— Vamos comer o carneiro
comadre?
— Vamos compadre!
Foram e chegaram ao sítio;
assim que viram o rabo, disse a raposa:
— Puxa, com força, compadre.
O lobo agarrou com a boca o
rabo do carneiro e puxou com muita força, a pensar que o carneiro estava
inteiro, mas caiu de pernas para o ar, porque em vez do carneiro inteiro, só
havia o rabo; a esperta da raposa que já tinha comido sozinha, o carneiro todo,
safou-se a rir da inocência do lobo.
(Fábula)
A RAPOSA NO GALINHEIRO
De uma vez uma raposa apanhou
um buraquinho aberto n’um galinheiro, entrou para dentro fazendo-se muito
esguia, e depois que se viu lá, comeu galinhas as galinhas quase todas.
Quando foi para sair estava
com a barriga tão cheia, que por mais força que fizesse não conseguia passar
pelo buraco. Viu-se perdida, porque já vinha amanhecendo. Por fim teve uma
lembrança. Fingiu-se morta.
De manhã veio o lavrador e
viu-a:
— Cá está ela. E que estrago
que ela me fez!
Vai para lhe dar pancadas e
mata-la, mas vê-a hirta, com a língua atravessada nos dentes e os olhos envidraçados:
— Poupaste-me o trabalho;
morreste arrebentada. Foi bom.
E pega-lhe pelas pernas e
atira-a para o meio da horta para a enterrar. A raposa assim que se viu fora do
galinheiro, pernas para que te quero! deitou a fugir pelos campos fora e fez do
rabo bandeira. O lavrador deu a cardada ao dianho, e jurou que nunca mais se
fiaria em raposas.
(Fábula)
A AGUIA E A CORUJA
A coruja encontrou a aguia, e
disse-lhe:
Oh aguia, se vires uns
passarinhos muito lindos em um ninho, com uns biquinhos muito bem feitos, olha
lá não mos comas, que são os meus filhos.
A aguia prometeu que os não
comia; foi voando e encontrou n’uma arvore um ninho de coruja, e comeu as
corujinhas. Quando a coruja chegou e viu que lhe tinham comido os filhos, foi
ter com a aguia, muito aflita:
— Oh aguia, tu foste-me
falsa, porque prometeste que não me comias os meus filhinhos, e mataste-mos
todos!
Diz a aguia:
— Eu encontrei umas corujas
pequenas n’um ninho, todas depenadas, sem bico, e com os olhos tapados, e
comi-as; e como tu me disseste que os teus filhos eram muito lindos e tinham os
biquinhos bem feitos entendi que não eram esses.
— Pois eram esses mesmos,
disse a coruja.
— Pois então queixa-te de ti,
que me enganaste com a tua cegueira de mãe coruja.
(Fábula)
A Raposa e a Cegonha
Um dia a raposa teve a
brilhante ideia de convidar a comadre cegonha para um jantar em sua casa.
A raposa, mesquinha como é,
fez umas papas de milho, que servir em dois pratos rasos.
A comadre cegonha, estendeu o
bico:
Debicou, debicou, mas não
consegui comer nada.
A raposa, toda atrevida,
lambeu as papas todas, e no final até lambeu os beiços, toda contente.
A cegonha não deu parte de
fraca, educada como era, não comentou nada.
Passados uns dias, a comadre
cegonha resolveu convidar a comadre raposa para um jantar em sua casa, para lhe
devolver o convite, e para se vingar da raposa.
— Disse-lhe a comadre
cegonha, amiga raposa, hoje o jantar vai ser em minha casa!
— Está certo, comadre
cegonha, à hora de jantar lá estarei com muito gosto, disse a comadre raposa,
porque eu não sou de cerimónias!
À hora marcada, lá estava a
esperta da raposa, toda lampeira, cheia de fome, pois as raposas andam sempre
esfomeadas, para comer aquele que ela pensava que ia ser um belo jantar.
A comadre cegonha abriu simpaticamente
a porta e disse:
— Entre, entre, comadre
raposa, vamos comer o nosso jantarinho, que já está pronto!
— Vamos a isso, comadre
cegonha, disse a raposa toda lampeira, que apetite não me falta, e toda ela se
lambia, com o cheirinho do jantar, que era vitela guisada!
— O jantar estava servido,
mas para seu espanto, estava dentro de um frasco, com um grande gargalo.
A cegonha, com o seu grande
bico, conseguia comer tudo muito bem, mas a raposa com o seu focinho, bem
tentou lamber qualquer coisa, mas não conseguiu, voltando para casa, ainda mais
esfomeada.
E era vê-la, cabisbaixa, de
rabo entre as pernas e de orelhas caídas, nem parecia a mesma raposa que toda a
gente conhecia pela sua esperteza.
Não vale a pena armarem-se em
espertos, porque cedo ou tarde, todos somos enganados!
Moral da história, porque
todas teem uma moral!
Nunca faças aos outros, o que
não queres que te façam a ti!
(Fábula)
O Lobo e a Raposa
O Lobo e a Raposa
Uma raposa esfomeada viu, na
água parada no fundo de um poço, a imagem da lua. Pensando que era um queijo,
deu pulos de contente.
O poço tinha dois baldes;
enquanto um descia, o outro subia.
Então meteu-se no balde que
estava em cima e desceu até ao fundo, mas ao chegar lá, verificou que tinha
sido enganada.
Não havia queijo nenhum. E
não sabia então como sair do poço.
Nisto, apareceu ali um lobo,
para beber água. Ao vê-lo, a raposa disse-lhe num tom amável:
— Desça até cá abaixo
compadre lobo, vou oferecer-lhe este belíssimo queijo, com muito prazer.
O pobre do lobo caiu na
armadilha que a raposa lhe armou, e metendo-se no outro balde, começou a
descer.
E enquanto ele descia, o
balde em que estava a raposa subia, trazendo-a para cima.
Ela quando se apanhou cá em
cima, deu um salto, para fora do balde, e desatou a fugir que só parou dentro
da sua toca, no cimo do monte.
E o lobo ficou dentro do
poço, sem queijo nem nada, visto que o que havia lá dentro era o reflexo da lua
brilhante.
Moral da história:
Quando a esmola é muita, até o
santo desconfia.
(Fábula)
A
Raposa e as Uvas
Uma raposa esfomeada passou
por baixo de uma latada, e viu uns cachos de uvas muito apetitosos.
— Estas uvas parecem muito
suculentas – pensou ela. – Tenho que as comer!
Tentou apanhá-las saltando o
mais alto que pode, mas em vão, porque as uvas estavam tão altas, que ficavam
fora do seu alcance. Então desistiu e afastou-se.
— Pensei que estavam maduras,
mas vejo agora, que ainda estão muito verdes, não prestam!
Ao afastar-se o vento fez
cair uma parra, ela voltou-se muito depressa a pensar que era um cacho de uvas.
Moral da história:
Não te enganes a ti mesmo se
as coisas não correrem como desejas.
Uma vez um cordeiro, que estava com muita sede, foi beber água a um ribeiro.
Porém, sucedeu que nesse mesmo ribeiro estava um lobo a beber. e, mal viu o cordeiro, resolveu arranjar motivo para o matar e comer.
— Como te atreves a vir turvar a minha água?
— Perguntou o lobo ao cordeiro.
— Como é possível eu turvar a água, se estás da parte de cima e a água corre na minha direção?
— Perguntou o cordeiro ao lobo.
— Com que então atreves-te a responder-me!...
— Não bastava teres-me ofendido o ano passado?
— Como é possível, ter-te ofendido o ano passado, se nasci há um mês?
— Se não feste tu, foi o teu pai ou o teu avô!
— Retorquiu o lobo, atirando-se ao pobre cordeirinho...
Moral da história:
“A razão do mais forte predomina”
(Fábula)
O Lobo e o Cordeiro
Uma vez um cordeiro, que estava com muita sede, foi beber água a um ribeiro.
Porém, sucedeu que nesse mesmo ribeiro estava um lobo a beber. e, mal viu o cordeiro, resolveu arranjar motivo para o matar e comer.
— Como te atreves a vir turvar a minha água?
— Perguntou o lobo ao cordeiro.
— Como é possível eu turvar a água, se estás da parte de cima e a água corre na minha direção?
— Perguntou o cordeiro ao lobo.
— Com que então atreves-te a responder-me!...
— Não bastava teres-me ofendido o ano passado?
— Como é possível, ter-te ofendido o ano passado, se nasci há um mês?
— Se não feste tu, foi o teu pai ou o teu avô!
— Retorquiu o lobo, atirando-se ao pobre cordeirinho...
Moral da história:
“A razão do mais forte predomina”