quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

CARLOS ZORRINHO EM GRANDE ENTREVISTA

Num almoço que decorreu em Lisboa nas instalações do Clube dos Jornalistas o Professor Carlos Zorrinho manteve um longo diálogo com o "Diário do Sul", no decorrer do qual dissertou não só acerca do "Plano Tecnológico" de que é o Coordenador Nacional, mas igualmente de outros importantes temas, muitos deles ligados ao Alentejo। Para mais fácil leitura titularemos por ordem os assuntos tratados।
O PLANO TECNOLÓGICO EXIGE ÀS PESSOAS UMA MAIOR PREPARAÇÃO, UM MELHOR CONHECIMENTO. FALAR IDIOMAS (QUE NÃO SEJA SÓ O PORTUGUÊS), E TER UMA CULTURA ACIMA DO NORMAL. AÍ TEREMOS QUE PÔR ESSAS PESSOAS A "CORRER" AO LADO DO PLANO TECNOLÓGICO COM A FINALIDADE DE ATINGIREM UM PATAMAR QUE LHES PERMITA O " FUNCIONAR EM PLENO".
Repare que já temos mais de 650 mil pessoas que passaram pelas novas oportunidades. A Ministra da Educação ainda agora referiu que a nossa ambição é que 3 milhões de portugueses possam fazer esse tipo de requalificação. E eu faço um apelo aos leitores do "Diário do Sul" que se sentem de alguma maneira pouco preparados para estes desafios que agora se colocam, o irem a um Centro de Novas Oportunidades, inscrever-se. Vão encontrar muita gente, alguns vizinhos; vão em grupo, vão em conjunto. Fazem um pequeno curso de 20 horas, têm as suas competências reconhecidas, terão mesmo um computador e um acesso à banda-larga, e vão ver como depois tudo isso lhes permite, por exemplo enviar o IRS através do computador, pedir certidões, fazer um conjunto de coisas que rapidamente compensarão o esforço agora feito. E além de tudo estar mais à vontade para falar com os seus filhos; e estes terão orgulho neles porque haverá uma maior aproximação geracional, que é um problema com que hoje nos confrontamos.
O CEPTCISMO DOS ALENTEJANOS
Neste encontro com o Professor Carlos Zorrinho confrontámo-lo especificamente com aquilo que pode ser considerado "um certo cepticismo alentejano", face a anúncios de grandes projectos para a região, que nalguns nunca são implementados e caem no esquecimento.
Agora fala-se, e acredita-se no programa EMBRAER, em que o senhor teve papel activo, e anunciado em cerimónia avalizada pelo Primeiro-Ministro José Sócrates e pelo Presidente da República Federativa do Brasil Lula da Silva. Mas antes disso já tivemos os episódios dos Auto-Giros e do Skylander. Mas também recentemente algumas vozes, para desvirtuar a situação, ou porque sabem alguma coisa puseram a correr a notícia de que a EMBRAER afinal já não ficava em Évora, mas ficaria localizada em Beja. O que nos pode dizer?
Era óptimo que a EMBRAER pudesse aproveitar as extraordinárias infra-estruturas que nós temos em Beja porque eu acredito que uma vez feitos os investimentos que foram acordados para Évora, a EMBRAER fará mais coisas em Portugal. E não só a EMBRAER como outras empresas aeronáuticas que estão à procura de soluções em Portugal; e era muito importante que nós pensássemos no "cluster" aeronáutico do Alentejo como algo que pode envolver Évora, Beja e Ponte de Sor (onde como sabe também há uma componente, e projectos (não posso detalhar mais, mas de todo projectos importantes) que poderão reforçar numa parceria entre a Covilhã e Ponte de Sor, com um "cluster" aeronáutico na última destas cidades.
Eu compreendo perfeitamente o cepticismo dos alentejanos que depois de toda a história queiram ver de facto a obra. O que lhe posso dizer é que desde que foi assinado o acordo com a EMBRAER não houve um único minuto em que esse projecto não estivesse a evoluir. Não está ainda avançado para a fase de construção no terreno mas sim na sua montagem (financeira, tecnológica e de engenharia) pois trata-se de um projecto com uma dimensão e credibilidade muito diferente de outros projectos que entretanto falharam. Eu lembro-me, e gostaria de recordar quando na época era Coordenador do Pró-Alentejo o surgimento do projecto dos auto-giros. Na altura aquilo que eu defini era um critério muito simples: no mínimo os empreendedores teriam de conseguir mobilizar do ponto de vista privado um (na altura) conto (agora um Euro) a mais daquilo que esperavam do auxílio público; era o mínimo. E na altura eu recordo-me que os auto-giros decidiram que não seriam feitos em Évora, seriam feitos noutro sítio, e que era uma grande perca para a nossa cidade. Eu pergunto-lhe se já viu algum auto-giro construído? Ou seja: eles foram embora e não estão em lado nenhum; era claramente um projecto predador. Só estava ali porque tinham um conjunto de patentes que valorizavam de uma maneira excessiva e queriam que todo o risco da construção fosse do Estado português. O Estado não o assumiu (e ninguém o assumiu) e não há auto-giros em lado nenhum.
Quanto ao Skylander eu desejo que ele seja feito em Paris, embora tenha algumas dúvidas sobre isso. Mas com este projecto passou-se uma coisa muito similar: é que em nenhum momento os promotores estiveram à altura de responder a esta questão: eles próprios encontrarem um financiamento líquido, pelo menos um euro superior àquilo que pretendiam que fosse financiado pelo Estado português. Vamos ver. Deus queira que aconteça em França, não desejo nenhum mal aos promotores do Skylander, mas a verdade é que isso nunca foi possível, e por tal é que nunca foi apresentado um projecto concreto, específico na AICEP (Agência para o Investimento de Comércio Externo de Portugal.
O projecto da EMBRAER é diferente. É evidente que quando oiço notícias sobre a grande crise mundial com a paragem das grandes empresas (com a General Motor ‘s a poder ir à falência) cada um de nós fica preocupado, ou seja: se eventualmente a EMBRAER falir, se calhar não faz a fábrica em Évora; mas até este momento a EMBRAER continua a mostrar uma forte solidez financeira, e uma forte vontade de fazer esse investimento. E é isso que eu espero e desejo: que no primeiro semestre de 2009 haja obra, para que fique claro para todos os eborenses e alentejanos que a EMBRAER não é uma miragem, mas sim um grande projecto que nos vai colocar em termos de visibilidade global muito forte.
Beja não será de maneira nenhuma um entrave. Beja tem uma vocação completamente diferente. Para já eu julgo que seria uma longa história e penso que Beja perdeu uma grande oportunidade em 1998 (isso seria uma grande história) de autonomizar completamente a solução militar para a cidade. De qualquer maneira ela tem fundamentalmente três tipos de vocações que não são absolutamente nada contraditórias com as de Évora. Em Évora o que poderá ser feito é a investigação e produção de componentes aeronáuticos. Temos um bom aeródromo que igualmente permitiu um projecto em que ninguém acreditava e hoje é muito importante: o da Escola de Pilotos. Que foi também algo que envolveu o Pró-Alentejo, a Fundação Eugénio de Almeida, a Universidade a AEROCONDOR, a TAP e a SCHENEIDER. Com toda a gente de costas voltadas com projectos diferentes foi possível (agora vou fazer uma confissão anos depois) porque foram todos para fora de Portugal (não vou dizer onde) fazer uma cimeira para que as pessoas se desligassem das pequenas questiúnculas e conseguissem fazer um acordo para a Escola de Pilotos.
Voltando às vocações de Beja: uma de low-cost (que vai depender daquilo que for o investimento em Alqueva e na Costa Alentejana; outra de aeroporto de carga (que também depende muito do desenvolvimento que for feito em Alqueva, em termos de produtos, e com a ligação a Sines; e tem, daquilo que é o meu ponto de vista, uma enormíssima oportunidade que está a ser estruturada que é a de ser um local onde são reciclados, reparados, recuperados e estacionados aviões. Ou seja: Beja tem um grande aeroporto. Évora o que tem? Tem uma grande localização, e portanto eu acho que Évora e Beja são complementares.
E QUANTO ÀS OPORTUNIDADES?Eu julgo que as novas oportunidades é um dos programas mais interessantes. Aliás o Professor Roberto Carneiro está a fazer um estudo acerca do seu impacto, porque as novas oportunidades fizeram com que muita gente nunca antes pensando voltar à escola tivesse regressado, voltado a valorizar o conhecimento e voltado a sentir uma forte auto-estima pela aprendizagem. E isso é decisivo na nossa sociedade. Nós todos conhecemos gente na nossa terra que voltou à escola, que hoje tem um novo entusiasmo, que voltou a ler, compra livros, tem computador, vai à Internet e inclusivamente motiva mais os seus próprios filhos e os compreende melhor. Um dos problemas que sabemos existir nas famílias portuguesas é a da pouca capacidade de diálogo. Se há uma culpa terá a ver com as diferentes formações e diferentes lógicas e visões do mundo.
É evidente que as novas oportunidades como todos os projectos de grande dimensão podem ter sempre aspectos menos positivos, podem até existir no país, como já me disseram Centros de Novas Oportunidades que são facilitistas। O que eu apelo é para quem souber disso o deve denunciar. Nós não podemos pactuar e minorar o impacto desta medida. Por outro lado também é muito importante que as Novas Oportunidades não sejam um substituto para a formação inicial dos nossos jovens. As Novas Oportunidades são fundamentalmente o modo de requalificar e formar os adultos. E o não pactuar com eventuais jovens que procurem seguir um caminho mais fácil. Porque esse caminho mais fácil hoje, vai tornar a sua vida muito mais difícil.
(Excertos da entrevista ao Dr. Carlos Zorrinho)

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Novas Oportunidades

Centro de Novas Oportunidades de Évora entregou diplomas a 430 adultos
Quinta, 04 Dezembro 2008 10:05
O Centro de Novas Oportunidades de Évora (CNO) da Fundação Alentejo realizou no passado fim-de-semana, no auditório da Comissão de Coordenação do Desenvolvimento Regional do Alentejo, em Évora, a sessão de entrega de diplomas a adultos certificados no ano de 2008, num total de 170 de nível básico equivalente ao 9.º ano e de 260 de nível secundário ou 12.º ano de escolaridade.

Para a presidente da Fundação e directora do CNO, Fernanda Ramos, "este foi um momento muito importante", revelando sentir-se "feliz" por entender que vale a pena apostar-se nas pessoas. "Tivemos aqui pessoas de várias idades, um casal com mais de 70 anos a receber o seu diploma, mas também muitos jovens. Tivemos aqui a expressão daquilo que é a nossa sociedade, da vontade e do querer das pessoas", salientou, asseverando que estão reunidas as condições "para desenvolvermos o nosso Alentejo juntamente com as suas pessoas, pois temos vontade e força para levar por diante o nosso Alentejo".
Fernanda Ramos recordou todos aqueles adultos que já passaram pela formação na instituição que dirige, afirmando que desde 2001 foram certificados 1.438 adultos "que passaram a ter maiores possibilidades e melhores condições no desenvolvimento das suas actividades". Em 2007, a Fundação Alentejo viu aprovado o seu centro de novas oportunidades, situação que permitiu a validação do 12.º ano a 425 adultos. "É sempre tempo de aprendermos, embora não tenhamos todos de ser doutores, temos todos de ser aprendizes", frisou. Agradecendo a todos, a mesma responsável sustentou que "estas certificações ajudam o país a sair da cauda da Europa, pois é valorizando as pessoas que fazemos uma região melhor, um melhor país e uma melhor Europa".
Desvalorizando as críticas feitas sobre o facilitismo destas certificações, afirmando que "em tudo na vida há sempre quem queira dizer mal e é sempre mais fácil destruir do que construir", Fernanda Ramos garantiu que no CNO "é um espaço onde se constrói, certifica e valida competências, não se dão diplomas". "Estes certificados conseguem-se com trabalho e vontade, havendo uma equipa de profissionais que estão disponíveis para ajudar a concretizar os objectivos de todos aqueles que decidem apostar em si, aproveitando mais esta oportunidade", reiterou.
Uma oportunidade que, na opinião do reitor da Universidade de Évora, Jorge Araújo, é apenas mais uma das muitas que a vida dá, pois outras "podem ser encontradas" na instituição que lidera. "A Universidade de Évora está aberta a toda a população, toda a população pode frequentar a Universidade, sejam jovens ou menos jovens", asseverou. O reitor explicou que existe, anualmente, um concurso para maiores de 23 anos a que estes adultos podem concorrer, advertindo contudo que e mesmo quem não entre através desse concurso pode inscrever-se como aluno externo da Universidade e ir coleccionando cadeiras, "podendo, um dia, concorrer pelas vias normais e fazer as que lhe faltam para terminar o seu curso".
Uma aposta na formação que, no entender de Carmo Gomes, representante do secretário de Estado da Educação e vice-presidente da Agência Nacional para a Qualificação, "deve ser ganha, contrariando um número que motivou todo este trabalho e todo o desenho desta iniciativa". Um número que definiu como "assustador" – três milhões e trezentos mil portugueses não completaram o nível secundário de educação – tendo em conta que somos pouco mais de dez milhões. "Basta uma conta simples para percebermos que mais ou menos metade dos dez milhões é população activa e destes cinco milhões, mais de três milhões não concluíram o 12.º ano", explicitou.
Neste sentido relembrou a "importância" destas novas oportunidades que "lhes permitem que aceder a estruturas de educação e formação com vista a concluírem o seu nível de escolaridade". Carla Gomes afiançou que "nenhum país pode ser competitivo se tiver três quartos da sua população activa sem ter o nível secundário de formação", apelando deste modo a que todos os pais influenciem os seus filhos a completar a sua aprendizagem até ao 12.º ano.
Nunca é tarde...

A palavra ‘reformado’ induz-nos, na maioria dos casos, a pensar em alguém que está parado, mas Francisco Vicente representa o contrário disso. Tem 76 anos, é efectivamente reformado, mas acabou de receber o diploma do 9.º ano. "Foi para relembrar os meus antepassados e aprender mais, contribuindo para o progresso do nosso país" que este idoso decidiu lançar-se "no desafio" desta certificação. "Tinha só a quarta classe, porque tive que ir trabalhar para o campo onde estive até aos 24 anos. Depois entrei para as telecomunicações onde tive 36 anos, fiz vários cursos e cheguei ao nível 7 e após isso reformei-me e passei a tratar do que é meu. Entretanto, surgiu esta oportunidade e decidi tentar", recordou.
Fez o reconhecimento das suas competências, nos Canaviais, juntamente com a sua mulher que tem 74 anos e os dois foram receber no passado fim-de-semana o diploma que mostrou com muito orgulho. Revelou estar "muito contente, tudo foi bom", mas para ser sincero confessou que o melhor "foi o computador". "Eu olhava para aquilo e não percebia nada e agora estou mais operacional e os meus netos e os meus filhos vão-me ensinando e lá nos vamos entretendo. Adoro ir à Internet procurar como vai estar o tempo, ver os vídeos e ir ver o mundo no Google", afirmou, acrescentando que a sua mulher tem outro computador "para não guerrearmos".
Também Ana Maria disse ter visto concretizado um sonho antigo que durante muito tempo pensou que seria impossível realizar. Terminada esta etapa e com os olhos postos no futuro, "não posso dizer que acabei porque estou à espera de iniciar o meu percurso de certificação do 12.º ano e depois quem sabe...". A mesma vontade tem Generosa Varela que apenas possuía o 6.º ano, mas que depois de ter obtido a certificação do 9.º ano já está a pensar em continuar.
http://www.diariodosul.com.pt/index.php/noticias/333
Diário do Sul

Eu também fui receber o meu diploma do Ensino Secundário

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Nevão

Neve em Vila Pouca de Aguiar
Foto de Luís Castro Rosa

Neve em Vila Pouca de Aguiar
Fotos de Agostinho Teixeira
Neve em Vila Pouca de Aguiar
Foto de Paulo Meneres

Novas Oportunidades


O Sistema de Reconhecimento,Validação e Certificação de Competências (RVCC)
O Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências é um processo através do qual são reconhecidas as aprendizagens que os adultos desenvolvem ao longo da vida, nos vários contextos em que se inserem, desde que sejam passíveis de gerar conhecimentos e competências.
Através deste procedimento, os interessados podem aceder a um certificado, emitido com base no que aprenderam pela experiência de vida, fora dos sistemas formais de educação e formação. Pretende-se, desta forma, aumentar o nível de qualificação e de empregabilidade dos adultos activos, incentivar a formação ao longo da vida e promover o seu estatuto social.
Em termos específicos, o processo permite que cada adulto possa ver reconhecidas as competências que adquiriu, devendo, para tal, candidatar-se junto dos Centros Novas Oportunidades.
O programa das Novas Oportunidades para o Ensino Básico e Secundário, é muito importante para os Portugueses que durante a sua infância e adolescência não puderam ou quiseram prosseguir os seus estudos।
Também eu aproveitei a oportunidade de ver reconhecidas as competências que fui adquirindo ao longo da minha vida de trabalho e com as muitas acções de formação que frequentei, que me deram as competências, mas não a escolaridade que eu devo possuir para desempenar as funções de funcionária de biblioteca, funções que desempenho há 14