domingo, 30 de abril de 2023

Escrita Criativa Os Livros 1

 Escrita Criativa Os Livros 1

Poema Os Livros

1-      Livros são papéis pintados com tinta

 

2-      Ponho neles a semente dos versos que granjeio

 

Estão à espera que hoje eu vos minta

 

Mas escrever poemas é tudo oque anseio

 

3-      Se hoje pelo sonho é que vamos

 

Neste mundo que muda em cada dia

A paz creio que em breve alcancemos

Para que possamos viver com alegria

 

Para que o sofredor povo ucraniano

4-      Numa noite sem lua possa passear

 

Que as instituições tracem um bom plano

 

Para que uma paz duradoura se possa alcançar

 

 

Foi para carregar os cereais da Ucrânia

 

5-      Que a barca se fez ao mar

 

A Rússia roubá-los é mais uma infâmia

 

E para que a fome dos povos se possa matar

Escrita Criativa "O Zé das Flores"

 Escrita Criativa "O Zé das Flores" 1

Era um homem de muito amores

Amava as suas flores

Que tratava com cuidado

Sempre de chão bem regado

Assim brotavam as flores

Como nasciam os seus amores

Lá em casa nasceu a Rita

Que era muito bonita

A Jade e o Amador

Que estudou para doutor

A Luísa e até o Pedro

Este nasceu em segredo

Todos nasceram lá sim senhor!

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 "O Zé das Flores" 2

Inverter a história

Usar esta frase

“Amor com amor se paga”

Poema  O Zé das Flores

Coitado do Zé das Flores

Que perdeu os seus amores

Foram morar para o estrangeiro

Precisavam de ganhar dinheiro

Para comprarem uma casa

O Zé andava com um grão na asa

Hoje já ninguém o afaga

Nem lhe diz, amor com amor se paga

Para esquecer os dissabores

E o seu jardim cheio de flores

Que havia na sua casa

Que ardeu como uma brasa

Durante o inverno passado

Ele foi abandonado

Já não tem flores para cuidar

O seu tempo está-se a acabar

Já não acaba a sua mágoa

Amor com amor se paga

Mas ele foi abandonado

Já não tem futuro, só tem passado

Exercício Escrita Criativa- Carta de amor

Exercício Escrita Criativa- Carta de amor 

Escreva uma história de amor com as palavras:

1- tropeçar *

2- agonia*

3-azul*

4-vassoura*

5- escada*

6-indigestão*

7-bilhete*

8-espirro* 

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Carta de amor 

Meu amor quero-te abraçar

Descer a escada sem tropeçar

Na vassoura que ficou esquecida

Tu que és o amor da minha vida

No meu peito sinto uma agonia

Será que é alguma indigestão

É que bate forte o meu coração

Ou será por causa do teu lindo bilhete

Vou calçar os sapatos de estilete

E vestir aquele meu vestido azul

Vamo-nos encontrar na zona sul

Não te atrases se não embirro

Dei agora um enorme espirro

Será que vou ficar doente?

Ou é uma partida da minha mente

Que é muito prodigiosa

Às vezes é muito astuciosa

Ou é o meu sexto sentido

Que está murmurando ao meu ouvido

Que esta noite vai ser um fiasco

Que o nosso amor vai ser um fracasso.

O Circo

 O Circo

No circo há muita ilusão

Há leopardos e leões

Há palhaços trapalhões

Que fazem muita confusão

Há um cantor sem voz

Porque sofreu uma comoção

Há uma bailarina coxa

Que caiu do trampolim

Porque a corda estava frouxa

E, ela coitada ficou assim

Há um contorcionista com dores nas costas

Porque não fez bem o aquecimento

Agora procura as respostas

Por tão grave acontecimento

Há um mágico trapalhão

Que ao tirar um coelho da cartola

Arranjou uma grande confusão

Quando lhe saiu uma pistola

Aromas de Poesia

 Aromas de Poesia 

Os aromas de poesia

São os aromas do dia

Daquela rosa encarnada

Que está a ser desfolhada

Da flor de laranjeira

Que trago na algibeira 

De um pau de canela

Que pus dentro da panela 

Esta raspa de limão

Cheira bem na minha mão 

Que coloquei na aletria

E que comi com alegria 

Cheira bem a hortelã

Que está dentro da sertã

Cheirava à luz da candeia

Antigamente na aldeia

Gosto do cheiro dos livros

Mesmo antes de serem lidos

Cheira a cal fresca na parede

E à relva ainda verde

Gosto do aroma do perfume

E da lenha a arder no lume

Quase 50 anos do 25 de Abril de 1974

 Quase 50 anos do 25 de Abril de 1974

Foi em Abril de 1974

Que o nosso povo ganhou

A tão sonhada liberdade

Eu era uma jovem mulher

Era tenra a minha idade

E nenhuma informação

Era quase uma ignorante

Da política da nossa Nação

As poucas lembranças que tenho

Algumas são da minha aldeia

Foi ver um piloto, parente meu

Que pilotava um pequeno avião

Lançar panfletos do céu

Fazendo um voo rasante

Na campanha de uma eleição

Para eleger um novo presidente

Era para eleger o Umberto Delgado

Que depois foi morto pela PIDE

Acabando assim o seu legado

Foi à monda nos campos do Alentejo

Que o dia 25 de Abril me foi encontrar

Logo pela manhã, muito cedo

Que ouvimos no pequeno rádio

Que o manajeiro trazia junto ao ouvido

O locutor a ler o comunicado

A mando da junta militar

Dizer que a revolução tinha começado

Letra @ Letra 1

 Letra @ Letra 1

Letra a letra vou escrever

Uma canção de embalar

Vou ter de me conter

Para não te assustar

Vou cantar muito baixinho

Abraçar-te contra o peito

Falar-te com muito carinho

Adormecer-te desse jeito

Ó meu querido netinho

Contigo ao colo a dormir

Sento-me no cadeirão

Ver o teu rosto sorrir

Faz feliz o meu coração

Ser avó é uma alegria

E uma grande felicidade

Que vivo em cada dia

Deixando-me muita saudade

Fui avó pela terceira vez

O que me trouxe mais sensatez


Letra @ Letra 2

 Letra @ Letra 2

Escrever letra a letra

Com linda caligrafia

Era uma mete a atingir

Como não o conseguia

Só me apetecia fugir

Mas a nossa professora

Que era uma pessoa exigente

Batia-nos com a palmatória

Quando a letra não percebia

E quando a gente se enganava

Com a pena que escrevia

E o nosso texto riscava

Em frente a todos nos dava

Um enorme raspanete

Às vezes a cana-da-índia

Vinha direita às orelhas

Ou batia na cabeça

Para acabar com as manhas

Para que a gente não esqueça

De estudar bem a lição

Para que ao fazer o ditado

Não déssemos erros de ortografia

Por cada erro havia

Havia uma reguada na mão

A gente já nem tremia

Só o nosso coração

Muito acelerado batia

Poema Amália

 Poema Amália

A nossa querida Amália

Foi uma grande fadista

Habituei-me a admirá-la

Por ser uma enorme artista

Cantava o fado com garra

Sempre de cabeça erguida

Também chorava a guitarra

Que estranha forma de vida

De um coração independente

Numa casa portuguesa

Viveu uma paixão ardente

Tinha uma grande nobreza

Com o seu xaile traçado

E o lindo vestido negro

O seu povo muito amado

Amália chorava a cantar

Com o coração na voz

Esta uma fadista popular

Cantava para todos nós

Ó gente da minha terra

Um povo cheio de mágoas

Os jovens iam para a guerra

As mães choravam suas lágrimas

Para dar de beber à dor

Todos os sonhos eram seus

Amália cantava o amor

Também cantava a saudade

E foi por vontade de Deus

Que partiu para a eternidade

Pinóquio e a Mentira

 Pinóquio e a Mentira 

Era uma vez um velho carpinteiro

Para acabar com a sua solidão

Para que fosse o seu companheiro

E assim acalmar o seu coração 

Construiu um boneco de madeira

Este senhor era o Gepeto

Que levou com ele, o boneco à feira

Chamou Pinóquio, ao seu lindo boneco 

E era de um menino, o seu aspeto

Eis que surge a sua fada madrinha 

Pô-lo a andar e a falar como se fosse um eco

Fez esta a magia com a sua varinha 

Avisou-o que, se dissesse alguma mentira

O seu nariz, começava a crescer

Ele não acreditou, e até sorrira

Era assim, que ele queria viver

Então apareceu um grilo falante

O Pinóquio contou-lhe uma mentira

Com um olhar muito desafiante

O grilo deu-lhe um raspanete

Porque o seu nariz começou-lhe a crescer

O Pinóquio não gostava de estudar

E tinha muita pressa de viver

Só pensava de pelo mundo viajar

Mas para o circo teve de ir trabalhar

Depois fugiu e foi parar ao mar

E engolido por uma baleia depois de naufragar

Até que Gepeto o foi lá resgatar

Levou-o para casa, depois de o avisar

Que a mentira tem a perna curta

Só dura, até ser apanhada pela verdade

Esta é a verdade mais pura

E não é mentira, é a realidade

Poema do Enigma “O Lápis”

 

Poema do Enigma

“O Lápis”

É um pequeno objeto

De madeira, construído

Tem o bico embutido

Com o coração de grafite

Que é um antigo minério

Para o tirarem da terra

Têm de usar dinamite

Para mim é um mistério

Pode ser preto carvão

Ou ser de qualquer cor

Seja lá qual ele for

Serve para redigir

Com alma e coração

Mas se quiser corrigir

Basta usar a borracha

Quando a ponta não se acha

Então usa-se a afia

E continuar como queria

A lavrar a redação

E a fazer a poesia

Que é a minha paixão

Viagem do Navio Negreiro

Exercício de Escrita Criativa

 Viagem do Navio Negreiro

Numa manhã de denso nevoeiro, o navio negreiro partiu da Guiné, com destino a Portugal. Iniciava a viagem com cerca de 500 escravos, homens, mulheres e crianças, transidos de medo, amontoados num escuro, húmido e frio porão, onde os gritos e as lágrimas, se misturavam com o suor e o vómito daqueles negros assustados, que nele viajavam. Quanto mais se afastava da costa, mais crescia o medo, de quem caiu em desgraça. Lá fora, as ondas batiam no casco do navio, abafando os gritos e os gemidos dos escravos.

A viagem foi longa, os negros passaram muita fome e sede, só eram alimentados uma vez por dia, e pouco lhes matavam a fome e a sede, muitos deles adoeceram, de escorbuto, febre amarela, varíola, sarampo e problemas gastrointestinais, alguns deles morreram durante a viagem, mas ficaram durante algum tempo junto com os vivos, depois eram lançados às águas do mar revolto, que lhes serviu de cemitério.

Os que sobreviveram, foram então desembarcados, acorrentados, e, após o pagamento dos impostos na alfândega, foram vendidos nos mercados de escravos, pelos mercadores esclavagistas.

Afilhado de guerra

 O afilhado de guerra

O meu afilhado de guerra M.M.F. era natural de Mirandela, terra fria transmontana. Era militar dos comandos, fez a recruta e a especialidade em Lamego, sendo depois mobilizado para a guerra do Ultramar em 1972, primeiro para Angola, onde ia terminar a formação, depois era deslocado para a frente de combate, para qualquer uma das províncias.

No seu pelotão, tinha como companheiro, o namorado da minha irmã, que lhe falou de mim e lhe deu o meu nome e endereço.

Ele escreveu-me então uma carta, a pedir-me que fosse sua madrinha de guerra, que me senti honrada em aceitar, para ajudá-lo, da melhor forma possível, a ultrapassar as difíceis agruras da guerra.

Acabei de achar, no fundo de uma gaveta, um envelope amarelecido, tinha dentro uma carta, já um pouco rasgada e uma fotografia, do meu afilhado de guerra, vestido de uniforme, de arma na mão, junto da sua caserna.

Ele escrevia-me com frequência aerogramas, que eram mais baratos que as cartas e não pagavam portes de correio aéreo, onde desabafava todo o sofrimento diário a que estavam sujeitos, ele e os companheiros, a quem eu tentava apoiar e a dar-lhe esperança no seu regresso, são e salvo.

Contou-me, que trazia sempre ao pescoço, um fio de contas em forma de terço, que a sua mãe lhe trouxera de Fátima, onde tinha ido pedir proteção de Nossa Senhora, para o seu querido filho, que tinha sido mobilizado para a guerra, do qual ele nunca se separava, com o qual rezava diariamente, que lhe servia de consolo nas horas mais difíceis da guerra

Ele escrevia-me com muita frequência, mas ao fim de algum tempo, deixou de me escrever, e o correio que eu lhe escrevia, começou a ser-me devolvido, então o namorado da minha irmã, escreveu-lhe a contar, que o meu afilhado, tinha sido ferido perto de Benguela, que foi hospitalizado, depois transferido para Luanda, que o seu pelotão, foi enviado para Moçambique, para a zona de Tete e que tinham perdido o contacto com o meu afilhado.

Também nós, nos mudamos de vez, de Trás-os-Montes para o Alentejo, para onde o meu pai foi transferido pela CP, o que contribuiu, para que perdêssemos de vez o contacto.

Hoje, ao encontrar esta carta, com a fotografia, veio-me à memória, o meu tempo de menina moça, e todos os sonhos dos meus 15 anos.

Sou Um Bule Rachado

 Exercício de Escrita Criativa - Sou Um Bule Rachado

Sou um bule rachado, sou feito de fina porcelana, tenho cinco faces, em cada uma delas tenho um pequeno ramo de flores azuis, em volta tenho umas finas linhas também azuis.

Fazia parte de um serviço de chá, que os meus donos compraram em Trás-os-Montes, onde servia muitas vezes um chá bem quentinho, às visitas da casa onde vivia.

Depois os meus donos foram embora para o Alentejo, eu e os meus irmãos pires e chávenas, servíamos o chá às visitas da filha dos meus donos, que tomava conta de nós.

Passados alguns anos, fomos todos muito bem enrolados em jornais, colocados num caixote e colocados dentro de um comboio, a caminho da casa nova dos meus donos, na linda cidade de Évora, no Alentejo.

Um dia depois de servir um chá, numa das muitas reuniões de família, uma das filhas dos meus donos, enquanto me lavava, deixou-me cair dentro do lava-louça, e fez-me esta rachadela, então ela limpou-me com cuidado e foi-me colocar dentro do louceiro, junto do restante serviço de chá, de que fazíamos parte, e lá permaneci até ter calhado por herança, à minha atual dona, que me guarda com todo o cuidado, mesmo sendo um bule rachado, como se eu fosse de enorme valor.

Coitado de mim, para aqui estou sozinho, fui separado dos meus irmãos, porque cada elemento da família quis guardar como recordação uma peça do mesmo serviço que eu.

De vez em quando a minha dona pega-me com todo o cuidado, lava-me e limpa-me muito bem, fica a olhar-me como se eu fosse uma joia rara, depois, volta a colocar-me com todo o cuidado, dentro do louceiro.