quinta-feira, 20 de julho de 2017

História do João Grilo/ Contos ao Serão


         História do João Grilo/ Contos ao Serão

O meu pai contava "O João Grilo, O Touro Azul" e outros contos, aos seus oito filhos ao serão, junto à lareira, na nossa terra em Trás-os-Montes, também os contava aos antigos militares(magalas)nas muitas viagens de comboio, que fazia entre Évora e a nossa terra, Vila Pouca de Aguiar.
Esta é uma singela homenagem póstuma, que eu lhe quero aqui fazer, com um beijinho e muitas saudades.

"História do João Grilo"
Havia um homem que era carvoeiro, e  não gostando daquela vida, meteu-se a ser adivinhão.
Foi ter à corte do rei, e disse que tinha o ofício de adivinhar.
Ora na corte tinha-se feito por aqueles dias um grande roubo, e o rei queria descobrir os criminosos: mandou vir o João Grilo à sua presença, e perguntou-lhe quanto queria para adivinhar quem eram os ladrões do palácio.
O João Grilo respondeu-lhe que queria que o rei lhe desse três jantares primeiramente.
O Rei mandou pôr uma mesa com bastantes iguarias, e os criados do palácio começaram a servir o adivinhão.
Assim que o João Grilo acabou de comer o primeiro jantar, pôs-se a tocar rufo com o garfo e a faca no prato, dizendo muito contente:
- O primeiro já cá está! O primeiro já cá está! O primeiro já cá está!
Um dos criados que o servira, ouvindo o que o João Grilo dizia, entendeu que era consigo que ele estava a falar, e que ele tinha adivinhado que estava ali um dos ladrões do palácio do Rei.
Ao outro dia o João Grilo comeu um segundo jantar, e tornou a bater com o garfo e a faca no prato cantando:
- O segundo já cá está! O segundo já cá está! O segundo já cá está!
O criado teria pedido a um companheiro que fosse servir o adivinhão, em vez dele e este outro percebendo que estava descoberto, colocou-se de joelhos aos pés do João Grilo, confessando tudo, e dizendo-lhe quem eram os outros companheiros, mas que só ele é que podia fazer com que o Rei lhes perdoasse.
O João Grilo mandou chamar o Rei, e contou-lhe que os ladrões do palácio eram os seus próprios criados.
Com esta descoberta o João Grilo ficou muito considerado na corte e em todo o reino.
O Rei não o quis mais deixar ir embora, e disse que lhe ia propor uma adivinha; se ele soubesse explicar, lhe dava a mão da princesa sua filha em casamento, e se ele não aceitasse ou não adivinhasse o mandava matar.

O João Grilo ficou muito triste, como quem via o fim da sua vida; comeu à mesa com o Rei, no fim do jantar trouxeram-lhe um grilo numa caixinha de prata, ele aflito a pensar que ia morrer disse:
- Pobre grilo onde tu te meteste!
O Rei mandou o criado abrir a caixa e lá estava um pequeno grilo negro.
Depois o Rei mandou cortar a ponta do rabo de uma porca, colocá-la num lindo cofre de oiro, o João Grilo coçou a cabeça, a pensar que desta vez é que ele não escapava da morte e muito aflito disse:
- Agora é que a porca torce o rabo!
O criado abriu a o cofre e lá estava todo enrolado o rabo da porca.
O Rei ficou muito admirado de ele ter adivinhado tudo o que ele lhe tinha proposto, e cumpriu a palavra, dando-lhe a Princesa sua filha em casamento.
Foi o que ganhou o João Grilo, deixando de ser carvoeiro para ser adivinhão.



        




   O carvoeiro

Carvão, bolas e carqueja,
Carro tosco e uma balança!
A ninguém causava inveja…
Pó preto… cheio d’esperança!


www.google.com

Sem comentários:

Enviar um comentário