I
Delírios de Primavera
É um delírio de primavera
Ficar aqui à espera
Que a minha vida mude
Mas isso já não me ilude
Ó tempo, tu não me enganas!
Tenho que arregaçar as mangas
E fazer das fraquezas, forças
Espero oh Deus, que me ouças!
Pois estás-me a fazer falta
Das minhas dores, estou farta
Vás tu, para onde fores
A Teus pés, vou depor flores
Ouve bem as minhas preces
Vê se de mim, não te esqueces
Porque isto está ruim
É difícil viver assim
Tu pareces me esquecer
E eu estou aqui, a sofrer…
II
Hoje estou aqui a pensar
Como vai ser no futuro
Tenho sonhos por realizar
Mas vejo um buraco escuro
Naquele túnel bem fundo
Que se estende à minha frente
Pois até da minha mente
Já passei a duvidar
Às vezes não sei o que pensar
Outras, do que estou a falar…
Há dias, em que tudo corre pelo
melhor
E acredito que o futuro vai ser
risonho
Mas há outros, em que acaba o
sonho
Pois é dia de autentico pesadelo
Nem dá mesmo vontade de vivê-lo
Então reduzo-me à minha
insignificância
Encolho-me toda, parecendo uma
criança
Que vive dentro do meu casulo
Protegida por um alto muro
Como se lá fora, o mundo
Tivesse perdido todo o interesse
E viesse quem viesse
Já não me podia magoar
Era só deixar o tempo passar…
Maria
da Conceição Saraiva Roxo Orvalho
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