Delírios de Verão
I
Sentada
debaixo do chapéu-de-sol,
Naquele
lindo dia de verão,
Estendi
os olhos pelo areal,
Vi uma
menina, de balde na mão,
Apanhou
uma concha, muito pequenina,
Que
brilha ao sol, na sua mãozinha.
Lá longe
apareceu, um velho casal,
A
passear, com a mão, na mão,
Percorrendo
a praia, de lés- a- lés,
Demonstrando
ainda, a sua paixão,
E com as
ondas, a bater-lhes nos pés.
Isto
tudo logo, de manhãzinha
Eu nem
sei o que me parecia,
Era como
se a praia, fosse o paraíso,
Com
aquele seu cheiro a maresia,
Onde
alguns perdem o juízo.
Que o
diga aquele jovem casal,
Que brinca
alegre, com os seus filhinhos,
Vou dar
um mergulho naquele lindo mar,
Que de
manhã tem cheiro a maresia,
Apanho
uma concha e fico a pensar,
Como é
lindo o nascer do dia!...
Vejo
aquele casal de namorados,
Que até já
se esqueceram do sol,
E se
beijam muito apaixonados,
Ali no
areal deitados.
Lá longe
canta um rouxinol,
E eu
olho, lá mais para diante,
Onde os
pequenos, fazem um castelo de areia,
Mesmo já
com o sol escaldante,
Continuam
brincando, daquela maneira.
A maré
já começou a encher
E
aquelas enormes ondas de espuma
Enrolam-se
na praia, uma, a uma...
Agora
que já está a entardecer.
Como foi
quente este dia de verão!
Já vou
arrumar o meu material,
Tudo o
que vi, encheu o meu coração,
Naquele imenso
e lindo areal...
II
Naquele
dia de estio,
No
coração, senti um vazio,
Na alma um
peso, uma dor,
Pensava
que por mim sentias amor...
Mas não
passaste de um traidor,
E as tuas juras de afeição,
Eram
falsas, e sem brio,
Não
mereces o meu perdão.
Partiste
o meu coração,
Destruis-te
a minha vida,
Pensava
que te era querida,
Estava
cega e surda,
É assim
que a vida muda,
Sem que
a gente esteja à espera.
Eu
acreditava numa quimera,
Mas a
triste realidade,
Fez-me
ver só a verdade.
Tive que
pôr os pés no chão,
Ficou
negro o meu coração,
E de
preto me vesti,
Para os
nossos filhos vivi,
Mas conforme
envelheci,
Depois
de tudo o que passei.
A minha
vida de verdade,
Deixou-me
muita saudade,
Da minha
querida mocidade,
Que
contido desperdicei...
Delírios de Verão
III
Na minha
lambreta
Eu vou
para todo o lado
Mas como
a via é estreita
Espero
não cair para a valeta
Mas se
por acaso cair
Quero
levantar-me depressa
Depois
de sacudir a poeira
Vejo
alguém naquela eira
Está com
o rodo na mão
A
espalhar bem o grão
Para
secar ao lindo sol
Que
depois vai a moer
Mais
tarde fazer o pão
Para ir
vender na feira
Que é
muito tradicional
Agora
vou-me deixar de treta
E também
para a qual
Vou
montada na lambreta
Delírios de Verão
IV
Gosto muito do verão
Cheiinho de claridade
Mas quando ele se vai
Fico cheia de saudades…
Gosto de ir à praia
E gosto da areia dourada
Mas com as ondas do mar
Fico muito apavorada
Gosto de ir para o campo
Passear lá na aldeia
Gosto do nosso povo
Que é gente à maneira
No verão, gosto do sossego
Com cheiro de frutas maduras
Cheira a maçã e a pêssego
Cheira a ameixas e a uvas…
13 de Abril de 2020
13 de Abril de 2020
Maria da Conceição Saraiva Roxo Orvalho
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