sábado, 18 de novembro de 2023

Poemas novos

A Menina das Sardas

Menina que nasceu com um olho verde e outro castanho

Foi Deus quem lhe deu contraste tamanho

Com o cabelo ruivo e rosto redondo, pontuado de pintinhas castanhas

Teu corpo pequeno, um pouco gordinho

Teu sorriso aberto, com bonitos dentes brancos

Viveste uma infância e juventude felizes

A tua viagem de comboio do norte até ao Alentejo durava 24h

Pois era enorme e lenta essa viagem

Sonhaste que a vida ia ser feliz

Mas falhaste, e não o foi por um triz

Não soubeste fazer a tua escolha

Ou foste demasiado crédula

Acreditaste e apostaste na pessoa errada

E por isso foste muito magoada

Tu e os teus filhos correram perigo de vida

Disso, não te conseguiste recuperar, ainda...

Vives a vida um dia de cada vez

Como se mais nada pudesses fazer

Já acabaram todos os porquês

Já pouco te resta para viver

Os sonhos ficaram lá bem atrás

Nas outras pessoas já pouco crês

A vida para ti foi uma madrasta

Daqui para a frente o que farás 

Acredita mais naquilo que vês

Confiar cegamente já não és capaz 

Pensa em ti com mais confiança

Olha para a vida ainda com alguma esperança.

Queridos Netos

Sinto saudades do vosso abraço

De deitarem a cabeça no meu regaço

De os ver sentados nas pernas dobradas

De olhitos brilhantes e caras espantadas

Enquanto vos conto histórias antigas

Que meu pai nos contava em criança

Quando nos sentávamos ao calor da lareira

Nas noites de inverno escuras e frias

Que para sempre tenho na lembrança

Ele, que nos contava cada história mais linda

Adorava a do " O Touro Azul", e a Princesa Coralina, 

Que percorrem o mundo em busca da felicidade;

É uma história para qualquer idade 

Depois era a "História do João Grilo" 

De agora é que a porca torce o rabo" 

Cujo herói era um carvoeiro 

Que se dizia adivinho

Ao descobrir os três ladrões, do tesouro do rei, 

E acabou casado com a princesa; 

Depois eram os "Meninos de estrelinha na testa", 

Afastados da sua mãe, pela avó malvada; 

E que, para sempre vou recordar

Como os melhores tempos da minha infância

E do enorme amor do nosso pai!


Grupo Literário - Wise Winds - Ventos Sábios

DESAFIO REENTRÉ 

TEXTO 

O verão está a acabar

E os políticos andam atarefados

Para a reentré organizar

E ver os trabalhos dos partidos recomeçados

O primeiro a dar a sua partida

É o que se situa à direita 

Quer voltar logo ao poder

A coligação já está feita 

E sabem bem o que fazer 

Para enganar o pobre povo

Fazendo as novas promessas 

E isso não nos traz nada de novo 

As intenções deles são mesmo essas 

Depois vem o chamado da situação

Agora é a vez do partido Socialista 

Quer continuar com a governação 

Mas não está nada otimista

Porque para além dos partidos da oposição

Também conta com os comentários do Presidente

Que são cada vez mais agressivos

Dos demais Presidentes é muito diferente

Para o Primeiro-Ministro são muito nocivos

E nós estamos na corda bamba

Não queremos voltar a depender da direita

Que nos roubou toda a dignidade

Mas agora continua à espreita 

Nós já sofremos muito com a sua maldade 

Depois veem os outros, um de cada vez

Não trazem nada de novo

Falta-lhes muita sensatez

Só querem enganar o povo 


Para Além do Horizonte

Não consigo enxergar

O que está por trás do monte

Só o posso imaginar

Aquilo que os meus olhos veem 

É são campos a perder de vista

Com sobreiros e azinheiras

Com vinhas e as oliveiras

Que se estão a multiplicar

E muita terra a ocupar 

E a paisagem alentejana

Está agora a mudar

Por detrás do horizonte

Já não há água na fonte

A paisagem está a secar

Há poucas vacas a pastar

Os porcos já não se veem

E os rebanhos de ovelhas


Para Além do Horizonte

Lembranças de menina 

A linda Cidadelha

Das terras de Aguiar

A nada se assemelha 

Por isso quero lá voltar 

Será tanta a alegria

E grande o contentamento

Quando voltar um dia

Mas não é neste momento

Esta terra muita tradição 

E tem o seu padroeiro

Que é Mártir São Sebastião

Ele festeja o seu dia

No dia 20 de janeiro

Há a linda festa de verão

Durante quatro dias

Com a procissão das velas

E a procissão do gado

Há uma missa cantada

Também majestosa procissão

Com as crianças vestidas de anjinhos

Com os santos nos seus andores

A percorrem as ruas da aldeia

Há noite há um arraial à maneira

Com a banda de música do Pontido

Com a de Cabeceiras, a tocar ao desafio

E todo um povo a dançar animado

No último dia há jogos populares 

Com corridas de burros, ou de cavalos

Jogo do malhão 

Corrida de sacos, de cântaros e da "canalha"

Era assim que chamavam às crianças

À tarde com bailarico 

Com uma linda festa destas

Em casa é que eu não fico


A caminhante

Sou uma caminhante

Que caminha errante

Pelos campos fora

E a toda a hora

Não olhar para trás

Não sei como se faz

Por vales e picos

Por rios e prados

Por campos abertos

Percorri muitos caminhos

Muitos foram certos

E alguns errados 

Seguir sempre em frente

Tirar da minha mente

Certos pensamentos

E acontecimentos 

Que ficaram marcados

Dentro de todos nós

Quando estamos sós

 

A minha aldeia 

Aquela casa velhinha

Era da minha avozinha

Que há muito nos deixou

A gente com saudades ficou 

Foi para o céu que abalou

Vivia na linda aldeia

De Cidadelha de Aguiar


Para Além do Horizonte1

Para Além do Horizonte

Há sonhos por realizar

Beber a água da fonte

Quando estou a caminhar 

Para matar a sede

E seguir o meu caminho

Ir para além do horizonte

E nunca me sentir sozinho

Correr atrás do meu sonho

Ainda por concretizar

Arranjar muita coragem

Para continuar a caminhar

Sentindo a fresca aragem

Para o meu corpo refrescar 

Com o lindo pôr-do-sol

Que ilumina o horizonte

Onde canta o rouxinol 

O astro tem a cor de fogo

Basta olhar lá para adiante

Para me faltar o fôlego

Onde está um arco-íris a brilhar

Tão longe, que não o consigo alcançar


Grupo Literário - Wise Winds-Ventos Sábios de Ruth Collaço

DESAFIO. Acróstico - Ventos Sábios

Venho fazer um poema

Em contexto bem diferente 

Não sei bem o esquema 

Tudo me deixa contente

O que quero escrever 

Só eu sei o que dizer 

Se não souber

Á tua porta vou bater 

Boa vai ser a conversa 

Iremos depois passear

Os nossos passos apressados 

Serão então compensados


Aromas de Poesia: Abril/Maio/Junho 

Em abril há águas mil

Mas também há liberdade 

Conquistada no mês de abril

Pelos heróis da amizade 

Maio é o mês do coração

Que bate dentro do peito

Para nossa salvação

Temos de ter respeito

Também é o mês de Maria

Mãe do nosso salvador

Que nos guarda noite e dia

Ele é Deus Nosso Senhor 

Em junho começa o verão

Podemos ir para a praia

Vamos passear ao serão 

Vestindo uma linda saia


Aromas de Poesia

Os aromas de poesia

Perfumam o coração

Trazem muita alegria 

São a minha paixão

Ver as letras a saltar

Umas atrás das outras

Para assim continuar 

As escrever estas letras

Numa folha de papel

Com aroma a primavera

Contar histórias de cordel

Que ouvia


Aromas de Poesia 

Os aromas de poesia

São os aromas do dia

Daquela rosa encarnada

Que está a ser desfolhada

Da flor de laranjeira

Que trago na algibeira 

De um pau de canela

Que pus dentro da panela 

Esta raspa de limão

Cheira bem na minha mão 

Que coloquei na aletria

E que comi com alegria 

Cheira bem a hortelã

Que está dentro da sertã

Cheirava à luz da candeia

Antigamente na aldeia

Gosto do cheiro dos livros

Mesmo antes de serem lidos

Cheira a cal fresca na parede

E à relva ainda verde

Gosto do aroma do perfume

E da lenha a arder no lume...


Era assim a minha vida 

Nasci na quinta do Dr. Gomes da Costa

Que era Presidente do Município 

Foi assim o meu princípio 

Ele e a sua amada esposa 

Que era uma mulher muito bemposta 

Foram os meus queridos padrinhos  

Onde os meus pais eram caseiros

E onde nascemos três dos seus filhinhos 

Depois, quando eu tinha três anos

Com a morte acidental de uma vaca 

Eles acabaram todos por se zangar 

E daquela quinta tivemos que abalar 

Lá vamos nós a caminho da aldeia de Cidadelha,

onde a minha mãe tinha nascido 

Isto ficou para sempre na minha lembrança

Embora eu fosse apenas uma criança

Ainda oiço o chiar do carro de bois 

Primeiro no caminho de terra batida,

Depois, nas pedras da calçada

Como chiavam aquelas rodas

vergadas ao peso dos nossos parcos haveres

Que eram toda a nossa riqueza 

Lá iam os meus tristes pais

Com os seis filhinhos, uns ao colo, outros pela mão 

Desiludidos, depois de tanta dedicação!...

Saem assim desta triste maneira 

Ficando sem trabalho e sem casa onde morar

Lá se foi a sua esperança 

De dar aos seus queridos filhos 

Um futuro melhor e mais risonho 

Lá se foi o seu lindo sonho 

Que viviam no seu dia a dia 

Só ficou uma enorme escuridão 

Para além da sua paixão 

E do seu grande amor 

Iam embora com muita dor!


A Liberdade 

Eu queria liberdade

Pensei que era verdade

Que era esse o meu sonho

Mas a triste realidade

É que neste mundo medonho

Até já me esqueci desse sonho

Eu queria liberdade

De pensar pela minha cabeça

Mas para ter opinião

Mesmo que tenha razão

A mentira hoje ainda ganha

Há pessoas falsas que armam a patranha

Para que dela possam beneficiar

Nem que para isso vendam o corpo e a alma

Isso se alguma vez a tiveram

É verdade que às vezes as pessoas erram

Mas, quem não tem bom coração

Não se arrepende e não muda de opinião

Porque são pessoas falsas e sem valores

Usam e abusam dos grandes favores

Passam por cima dos seus opositores

Como se fossem uns tratores

Então vemo-las subir nas suas carreiras

Até ao topo cheias de peneiras!


Leonor

Minha neta Leonor

Ó minha linda princesa 

És uma pré-adolescente

Ainda estás a crescer

Às vezes tens a certeza

Do que queres ir fazer

Para que país vai estudar 

Gostas muito de cantar

E do saxofone tocar

Gosto muito de te ouvir

Pena que estás tão longe

Para te poder abraçar 

Sempre que saudades sentir


Dos sonhos à realidade 

Aquela menina de cabelos loiros e cacheados

Tinha o rosto pontuado de pequenas pintinhas

Nasceu com um olho verde e outro castanho

Que gostava de fazer lindos penteados

Tinha na vida um grande sonho

Era de continuar os seus estudos

Depois de terminar a primária

Fazer o exame de admissão

Para poder ir para o liceu

Mas isso não foi assim que aconteceu

Primeiro foi para a 5.ª e 6.ª classes

Que funcionava numa escola primária

No dia em passou no exame final

Quando estava de regresso a sua casa

Pela estrada que estava a ser alcatroada

Foi falar com o encarregado para pedir-lhe trabalho

Ela que era a 5.ª de 8 filhos 

Cujos irmãos mais velhos todos já trabalhavam

E só estudaram até há 4.ª classe

Era forçoso que eu também trabalhasse

Porque eu já que já tinha feito 13 anos 

E acabou assim o lindo sonho

De poder continuar os meus estudos


Os Dias

Os dias passam de vagar

E eu aqui sem ter aonde ir

Já não posso ir trabalhar

Desta situação só me apetece fugir 

Vivo sem ter muito o que fazer

A não ser os dias contar

Gostava de contar histórias 

Como o meu pai me contava em criança

Deixou-me esta linda lembrança

Dos nossos serões em família 

Sentados ao calor da lareira

Nas noites frias de inverno

Às vezes a neve a caía 

Puxada pelo vento norte

Que uivava do outro lado da janela

Daquela casa onde eu vivia

Mas não, os meus pequenos netinhos

Estão longe,


Vou fazer um exercício

para poder aprender

a escrever com os polegares

então tenho que treinar

uma e outra vez

vamos tentar, e fazer

uma e outra vez

um, dois e três

vamos fazer outra vez

ai esta falta de prática

ai esta minha dificuldade

por ter duas mãos esquerdas

vá lá vamos tentar

vamos lá a praticar


Dia do Abraço

O dia 22 de maio

É o dia do abraço

Daqui agora eu não saio

Nem carrego no regaço

Pão que se transforma em rosas

Para a fome aos pobres matar

Talvez tu também não possas

Passear na rua ao luar

Deixo-vos aqui o meu abraço

De uma forma virtual

Esqueço o meu cansaço

E duma forma espiritual

Aqui vos deixo o meu abraço

Para convosco festejar

Este dia tão especial

Que é o dia 22 de maio

Que é um dia sem igual


Poesia

A vida era um sonho prometido

Mas virou um enorme pesadelo

Todo este tempo já vivido

Faz com que eu queira esquecê-lo

Quem me dera que o pudesse fazer

Que isso ainda me fosse possível

Que pudesse continuar a crescer

Isso já não me está acessível 

Pois estou cada vez mais perto de morrer 

Há tanta coisa que quero ainda viver


No Outono Cai a Folha

No outono cai a folha,

Da árvore do meu quintal,

E do jardim da minha rua,

Cai a folha, não faz mal.

No outono cai a folha,

Que voa lá pelo céu,

Levada pela brisa fresca, 

Como se fosse um véu.

No outono cai a folha,

Cuja luz já se perdeu,

Pois a cor verde que tinha

Essa já escureceu.

Quando surge a primavera,

Nasce de novo a folha,

Nasce a flor, depois o fruto,

e é uma alegria!

No outono cai a folha,

Da árvore do meu quintal,

E do jardim da minha rua,

Cai a folha, não faz mal!


Cansaço 

Estou cansada

Desta minha vida triste 

Em cada alvorada

Até que chegue a noite

Doe-me o corpo

E até a alma

A esperança não existe

Já nada me acalma

Em cada dia que passa 

Estou muito mais triste

Todos os sonhos que tive

Já ficaram para trás


Pensamentos

Sou uma pessoa crédula, acredito nas promessas feitas, depois apanho cada deceção, que me faz duvidar da boa vontade de quem faz essas promessas.

Acho injusto favorecer umas pessoas, prejudicando outras, 

em vez de chegar a consensos, onde os direitos de uns, prejudiquem gravemente os outros, e com isso, passe a fazer a vida num inferno a uma família que paga as suas contas em dia!

Estou farta de injustiças, de burocratas e burocracias!!!

Que só o que sabem dizer é que tem o papel, ou não tem o papel, 

como se a vida das pessoas se resume a um papel! Burocracia!...


Verbo Haver 

Há momentos inesquecíveis

Há horas que parecem dias

Há sonhos que são impossíveis

Há tempos que não te rias


Caminho de Ferro

Foi pelos trilhos

do caminho de ferro

Que eu viajei

Para o meu desterro

Vinda dos lados do norte

A correr atrás da minha sorte

Mas, eu me enganei

E muito chorei

Pela minha vida fora

E mesmo agora

Com o tempo a passar

Continuo a chorar

E a minha vida amaldiçoar


25 de Abril de 1974

Foi em Abril de 1974

Que o povo ganhou a liberdade

Eu era uma jovem mulher

Era tenra a minha idade

Tinha apenas dezassete anos

E nenhuma informação

Era quase uma ignorante

Da política na nossa nação

As poucas lembranças que tenho

Algumas são da minha aldeia

Foi ver um piloto, que era meu parente

Que pilotava uma pequena avioneta

Lançar panfletos lá de cima do céu

Fazendo um voo rasante

Para a campanha de uma eleição

Para eleger um novo presidente

Penso que era o Umberto Delgado

Que depois foi morto pela PIDE

Acabando assim o seu legado

Foi à monda nos campos do Alentejo

Que o dia 25 de Abril me foi encontrar

Logo de manhã muito cedinho

Ouvimos no pequeno rádio

Que o manajeiro trazia ao pé do ouvido

Começámos a ouvir cada comunicado

Que a junta militar mandava fazer

E então em vez de mondar com o sacho 

Tínhamos de o fazer com a mão


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