A Sementinha
Há dias, quando cheguei,
Ao entrar na minha sala,
Encontrei uma semente
E decidi afagá-la.
Curioso, debrucei-me
Sobre ela com atenção:
Com espanto, a sementinha
Transformara-se em botão.
Cheia de jeito e de graça,
A sementeira encontrada,
Sonho, vida, primavera,
Frescura da madrugada,
Abriu-se, seguidamente,
Em sinfonia de cor:
Já não era mais semente,
Tornara-se numa flor.
É promessa de futuro,
Augúrio de leda esp’rança,
Traz com ela uma mensagem
No coração de criança.
JUSTIFICAÇÃO
Eu hoje não tive tempo
Para a graça do costume…
Não se trata de desculpa;
Muito menos de queixume.
A verdade é que os mocitos,
Cada qual bem a seu modo,
Um a um ou todos juntos
Tomaram-me o tempo todo.
Foram as horas passando
Com eles sempre ocupado:
Uns, daqui; outros dali;
Mais uns quantos a meu lado.
Cansam, cansam, é verdade,
Mas que gosto e que prazer
Em cada dia que passa
Vê-los abrir e crescer!
Do livro: Solos de Harpa
Pinho Neno
Évora, CSSB, 1993
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