sexta-feira, 3 de outubro de 2014

1.º MAIO

1º de Maio: A história e o seu impacto nas relações laborais
Sábado, 01 Maio de 2009

A história conta-nos que a 1 de Maio de 1886, em Chicago, nos Estados Unidos da América, quinhentos mil trabalhadores saíram às ruas numa manifestação pacífica para exigir um limite de oito horas por dia de trabalho. A polícia reprimiu e dispersou a manifestação, mas não sem antes ferir e matar dezenas de trabalhadores. A luta não parou por aí e, quatro dias depois, os operários saíram novamente à rua. Destes protestos resultaram, segundo dados da época, 8 líderes presos, 4 trabalhadores executados, 3 condenados a prisão perpétua. E um exemplo para todo o mundo...É costume ouvir dizer-se, em política, que as conquistas sociais têm sempre um preço a pagar.No final do século XVIII e ao longo do século XIX, os baixos salários e as jornadas de trabalho que se estendiam até às 17 horas diárias eram comuns nas indústrias da Europa e dos Estados Unidos da América. Férias, descanso semanal e aposentação não existiam. Para se protegerem em situações mais difíceis, os trabalhadores inventaram vários tipos de organização, como as caixas de auxílio mútuo, precursoras dos primeiros sindicatos.
No final do século XIX, o auge da Revolução Industrial sujeitava os trabalhadores a condições desumanas de laboração, obrigando-os a produzir o máximo ao mais baixo custo. O trabalho não respeitava a idade ou o género, e as organizações sindicais eram perseguidas pelas autoridades policiais, tornado-se incipientes.
Sem esquecer as lutas de outros trabalhadores, noutros países e noutras épocas, a ‘conquista' do dia 1 de Maio para ‘Dia do Trabalhador' deve ser atribuída aos trabalhadores de Chicago. Mais precisamente àqueles que se manifestaram nas ruas daquela cidade do Estado norte-americano do Illinois, no dia 1 de Maio do ano de 1886.

Um dia para a História

Nesse dia, 500 mil trabalhadores marcharam pacificamente por uma jornada de trabalho com oito horas diárias e foram reprimidos pela polícia. Quatro dias mais tarde, os trabalhadores voltaram a marchar e foram novamente travados pela polícia. Como resultado dos confrontos, alguns operários morreram e alguns líderes foram presos.
Os jornais da época fizeram as seguintes manchetes: "a prisão e os trabalhos forçados são a única solução adequada para a questão social", escreveu o ‘Chicago Tribune'; "estes brutos só compreendem a força, uma força que possam recordar por várias gerações", escreveu o New York Tribune.
Ora, mesmo assim a luta não parou. Quando três dos manifestantes presos foram a julgamento, a comunidade internacional pressionou o Governo dos Estados Unidos da América a substituir o júri. Os membros que acabaram por formar o júri definitivo reconheceram a inocência dos trabalhadores, ordenaram a sua libertação e culparam o Estado norte-americano. Estávamos em 1888.
Os presos que não beneficiaram desta atenção mundial ficaram conhecidos como os "Mártires de Chicago". Mártires será, provavelmente, o termo mais adequado. A verdade é que, em 1889, a Segunda Internacional Socialista decidiu, num congresso realizado em Paris, proclamar o dia 1 de Maio como o Dia do Trabalhador, em memória desses "mártires". Em 1890, o Congresso norte-americano votou a lei que estabeleceu a jornada de oito horas de trabalho.


Um exemplo para o mundo

Um ano mais tarde, no norte de França, uma manifestação realizada a 1 de Maio foi dispersada pela polícia. Dez manifestantes morreram. Este novo drama acabou por servir para reforçar o Dia como um dia de luta dos trabalhadores. Meses mais tarde, a Internacional Socialista de Bruxelas proclamou o dia 1 de Maio como dia internacional de reivindicação de condições laborais.
Quase duas décadas depois, a 23 de Abril de 1919, o Senado francês ratificou o dia de 8 horas de trabalho e proclamou o 1 de Maio desse ano como dia feriado. Em 1920, a Rússia também adoptou o 1º de Maio como feriado nacional. Este exemplo foi, entretanto, seguido por muitos outros países. Curiosamente, nos Estados Unidos da América, o dia do trabalhador (Labour Day) é comemorado na primeira segunda-feira de Setembro.

Em Portugal

O historiador José Mattoso revela que houve um reforço da luta do movimento operário português, no final do século XIX. Entre 1852 e 1910, ter-se-ão realizado cerca de 550 greves em Portugal. A subida dos salários, a diminuição da jornada de trabalho e a melhoria das condições eram as principais exigências dos operários.
Durante a Iª República, festejou-se o Dia do Trabalhador. Mas, com a instituição da Ditadura, um dos primeiros diplomas aprovados dizia respeito ao estabelecimento dos feriados nacionais e destes não constava o Dia do Trabalhador. Em 1933 foi decretada a "unicidade sindical" e o "controle governamental dos sindicatos". Durante o Estado Novo, as manifestações no Dia do Trabalho e não do Trabalhador eram organizadas e controladas pelo Estado.
Com o derrubar da ditadura, o primeiro 1 de Maio celebrado em Portugal depois do 25 de Abril foi a maior manifestação alguma vez organizada no país. Só na cidade de Lisboa juntaram-se mais de meio milhão de pessoas. Para muitos, esta foi a forma que encontraram de demonstrarem a sua adesão à revolução, que uma semana antes restituíra a democracia ao país.

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