sábado, 4 de outubro de 2014

Poesia

Da minha janela














Da minha janela

vê-se a Poesia.


Não te digo, não,

se é bonita ou feia,

se é azul ou branca,

nem que formas tem.

Queres conhecê-la?

Deixa o teu bordado,

vem para o meu lado,

que já podes vê-la

com teus próprios olhos.


Da minha janela

vê-se a Poesia…


Outro que te diga

se é bonita ou feia.


Do livro “Cabo da Boa Esperança”

De Sebastião da Gama





A Um Corvo













Tens o poder das asas mutilado…

Tens a tristeza nobre dos proscritos…

Tens, no aspecto, a calma nostalgia

dos teus reinos de aquém e além ar…

Mas não gritam tragédias nos teus olhos

nem lembranças violentas de outros dias

denunciam a fonte do teu sangue…

Somente o Poeta sabe do segredo

que os teus passos burgueses espezinham…


Do livro “Cabo da Boa Esperança”

De Sebastião da Gama




Mulherzinhas
















O inha diminutivo

à mulher acrescentado

é diminutivo esquivo

com vário significado.

O marido respectivo

tem a sua mulherzinha.

Mulherzinha é mocinha

muito crescida para a idade.

Uma aldeã na cidade

também é uma mulherzinha.

Também o é uma pobre

que de farrapos se cobre.

Pode-o ser uma também

que só pele e osso tem.

E uma muito velhinha

que é a nossa querida avozinha.


Do livro ” Mostra a Tua Língua!” Faro, 1982

De Elviro Rocha Gomes





Sofrer em Silêncio












Tantos olhos que pedem tristemente,

tantas bocas caladas a pedir,

e sem vagar para ver e para ouvir

os que para ali estão.

Tantos que nunca pedem e confiam

nos que uma ordem justa dar deviam

e nunca a dão!

Do livro: “Monstra a Tua Língua” de 1982

De: Elviro Rocha Gomes
Imagens retiradas do:www.google.com

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