Minha Aldeia
Minha aldeia é todo o mundo.
Todo o Mundo me pertence.
Todo o Mundo me pertence.
Aqui me encontro e confundo
Com gente de todo o mundo
Bate o sol na minha aldeia
Com várias inclinações.
Ângulo novo, nova ideia;
Outros graus outras razões.
Que os homens na minha aldeia
São centenas de milhões...
Que a todo o mundo pertence.
Bate o sol na minha aldeia
Com várias inclinações.
Ângulo novo, nova ideia;
Outros graus outras razões.
Que os homens na minha aldeia
São centenas de milhões...
Os homens da minha aldeia
Divergem por natureza.
O mesmo sonho os separa,
A mesma fria certeza
Os afasta e desampara,
Rumorejante seara
Onde se odeia em beleza.
Os homens da minha aldeia
Formigam raivosamente
Com os pés colados ao chão.
Nessa prisão permanente
Cada qual é seu irmão.
Valências de fora e dentro
Ligam tudo ao mesmo centro
Numa inquebrável cadeia.
António Gedeão
Poesias completas (1956-1967)
Portugália Editora, Lisboa, 1978
Longas raízes que imergem,
Todos os homens convergem
Todos os homens convergem
No centro da minha aldeia.
António Gedeão
Poesias completas (1956-1967)
Portugália Editora, Lisboa, 1978
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